Por Josana Caversan
A infância é tão fascinante que inquieta o saber em torno dela, faz questionar, com frequência, as práticas de quem acompanha uma ou várias crianças e está muito além de qualquer conceito que a queiram enquadrar, já que este evolui ao longo da história e dos contextos sociais e culturais nos quais está inserido.
Segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), entende-se por infância o período de vida de todo indivíduo com menos de dezoito anos de idade, “salvo se, em virtude da lei que lhe seja aplicável, tenha atingido antes a maioridade”.
Estudos apontam que no passado a infância não recebia atenção como nos dias de hoje. Durante a Idade média, por exemplo, as taxas de mortalidade infantil eram muito altas, certamente pela falta dos primeiros cuidados adequados com o recém-nascido e até mesmo o despreparo para o momento do parto, contribuindo para o desapego às crianças menores, já que era comum que não sobrevivessem. Aliás, não é necessário voltar muito ao passado ou recorrer a livros para perceber que a infância nem sempre foi vista como na atualidade, afinal, até pouco tempo, era permitido que as crianças se dedicassem exclusivamente ao trabalho e não frequentassem a escola.
Colin Heywood (2004), autor do livro “A história da Infância”, diz que somente em épocas comparativamente recentes surgiu o sentimento de que as crianças são especiais e diferentes, e, portanto, dignas de serem estudadas.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasília, 1998), retrata a infância dos dias de hoje afirmando que “as crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio”.
A partir deste novo olhar sobre este período tão especial da vida, é importante que se viva a infância como uma preparação para o futuro ou para a cidadania, mas nunca se deve abandonar a ideia de viver a infância também como uma experiência, uma possibilidade do novo. A infância, sem dúvidas, é a fase em que se encontra a maior parte das descobertas. A cada nova infância, várias surpresas! A cada nova infância é como se o mundo ganhasse uma nova chance de vir a ser melhor. Viva a infância!